
Disclaimer: Este Estudo de Caso foi criado por Sean Ellis e Ethan Garr e pode ser ouvido no Podcast Breakout Growth.
O Miro é um software colaborativo que permite a vários profissionais trabalhar em conjunto a partir de qualquer lugar no mundo.
Um pouco como um whiteboard colaborativo, mas interativo.
Este serviço passou a ser um ponto crucial para equipas que atuam de forma remota. Permite trabalhar em colaboração, sem a presença física dos elementos.
Este software é ideal para ajudar a organizar a estruturar o pensamento, ajudando, por fim, ao debate de ideias!
A diferenciação eficaz do Miro
A primeira pergunta que as pessoas fazem quando falamos de um software é acerca de qual é o seu o público-alvo: B2B ou B2C.
O Miro responde facilmente a essa questão : “Não é um nem outro. É um modelo híbrido”. Já que, efetivamente, o software é utilizado para empresas e por profissionais, que também o podem utilizar individualmente. Acaba, assim, por se tornar um caso peculiar de B2B2C.
Demorou algum tempo até que a equipa do Miro entendesse que a comunicação era realizada pelo Negócio e não para o Consumidor.
O ponto de partida é sempre o mesmo:a nossa primeira Hipótese e Ideia.
Idealmente, este software colaborativo pode ser utilizado por qualquer pessoa, mas depois de o colocarmos à prova, podemos chegar à conclusão de que não temos PMF, uma vez que nem todos os consumidores finais podem ou querem pagar uma avença mensal para o utilizar.
O valor acrescentado não está lá.
Mas para um Negócio, a história já é diferente.
A Mensagem é realmente importante.
Por isso é que vemos um reposicionamento de muitos produtos B2Bpara uma mensagem mais clara, que nos faça perceber o valor acrescentado do produto.
Isto vai-nos ajudar na perceção do que o produto pode realmente oferecer, aumentando a nossa tração inicial.
Só com utilizadores reais é que conseguimos colocar o nosso produto à prova.
Logo, se ninguém o quiser experimentar, é sinal que não temos PMF, nem estamos preparados para começar um processo de crescimento.
Em suma, a equipa da Miro conseguiu atingir o crescimento porque à medida que ia desbloqueando cada etapa do crescimento, foi adaptando a sua metodologia.
Com uma abordagem muito direcionada ao que o consumidor final pretende, rapidamente foram adaptando o produto até chegarem ao que são hoje.
Para conseguirem chegar a este patamar algumas etapas foram atingidas ao longo do caminho:
- Definiram uma Persona para uma Proposta de Valor diferenciadora;
- Entenderam qual é o Valor Acrescentado do Produto no Mercado (PMF);
- Definiram uma “Estrela Guia”;
- Entenderam quais os pontos Essenciais da Jornada de Cliente.
Neste Estudo de Caso vamos analisar como é que com um mindset de crescimento foi aplicado ao produto Miro e de que forma os guiou para o sucesso.
Encontrar a Proposta de Valor através da Persona
Conforme já falamos anteriormente, o Miro é um software colaborativo que pretende ser uma alternativa digital aos quadros brancos que costumam estar nos escritórios.
Yuliya Malysh, a Head of Growth da Miro, descreve que o cliente-tipo que pretendem atingir são os “criativos” que gostam de pensar de forma visual dentro das empresas.
Este tipo de profissionais, são normalmente aqueles que precisam de expor visualmente o problema para o resolver.
Desta forma, nasceu uma persona tipificada a quem o software pretendia ajudar a resolver um problema: oda distância física e da colaboração em tempo-real.
De forma simples, e antes de detalhar a proposta de valor final, a equipa do Miro ofereceu um modelo Freemium, no qual estes utilizadores poderiam usufruir da plataforma e fornecer feedback imediato sobre o que procuravam obter ao utilizar este software.
Através da Persona, foi criada uma Proposta de Valor diferenciadora.
O caminho para definir a Estrela Guia
Após se terem apercebido de qual era a razão pela qual os utilizadores precisavam do software,a equipa de growth do Miro definiu uma Estrela Guia muito simples:O número de “Painéis Colaborativos Ativos”.
Com esta métrica principal, tal como a Yulyia menciona, sabem que estão a trazer valor real para o utilizador quando tem vários painéis dentro da mesma conta.
Sempre que se ia definir uma nova estratégia, a equipa do Miro tinha sempre em mente a Estrela Guia.
Contudo, antes de chegar a esta métrica, a equipa do Miro chegou a testar outras alternativas.
No início, a equipa testou um modelo de subscrição de 30 dias, que apenas permitia a partilha de um painel com 3 utilizadores.
Após começarem a analisar os dados de uso da plataforma, rapidamente perceberam que os utilizadores não estavam a ficar retidos dentro da mesma.
Com uma mentalidade de rápida interação e experimentação, foram adaptando a oferta até chegar ao produto final.
Assim, o modelo freemium que permite recolher feedback muito rapidamente, ficou limitado a um número de 3 quadros ativos simultaneamente.
Este é o número ideal que foi encontrado entre o modelo freemiume a primeira versão paga do software.
Esta métrica é importantíssima, porque se trata do chamado “AHA MOMENT”: aquele momento em que o utilizador entende o real valor da plataforma.
Um quadro permite perceber o que se pode fazer.
Dois quadros permitem explorar outras vertentes e partilhar com outras equipas.
No entanto, foi com a criação do terceiro que a equipa do Miro percebeu que existe um real comprometimento do utilizador e que desta forma este está mais propício a efetuar a compra.
Freemium VS Preemium
O Modelo Freemium é ideal para conseguirmos rapidamente validar se o nosso produto tem algum valor ou não.
Permite-nos recolher feedback rapidamente, e perceber se vamos ter algum tipo de tração inicial.
No entanto, conseguir rentabilidade após esta primeira versão é ainda mais difícil.
O modelo freemium é ideal para ajudar no processo de indecisão sobre o valor acrescentado da plataforma.
É um primeiro passo que nos permite trazer o utilizador para dentro da mesma.
Só depois de termos o utilizador dentro da plataforma, é que vamos tentar conseguir provar ao máximo o real valor da mesma.
O mesmo aconteceu com o Curso de Growth Hacking de 5 Dias da Growth Hacking School.
Idealizámos este primeiro curso como um filtro inicial para entendermos realmente se o Growth Hacking é interessante ou não é o que os alunos acham do processo e da metodologia.
Só posteriormente decidimos lançar o curso de Growth Hacking Básico e Avançado.
O modelo freemium é ideal para começarmos a testar rapidamente o nosso produto ou serviço, principalmente quando ainda não sabemos nem conseguimos medir o Product/Market Fit.
O motor por detrás do crescimento do Miro
Com este modelo e com a Estrela Guia definida, a equipa do Miro percebeu que o perfil de cliente tipo utilizava a plataforma para conseguir desenhar e implementar estruturas visuais.
E só após esta implementação, um utilizador convidava outro.
E a seguir, esse novo utilizador convidava outro.
E assim sucessivamente
Este tipo de adoção da plataforma, com a limitação dos 3 painéis, ajudou a que a mesma tivesse um grande período inicial de tração e permitiu que várias estruturas empresariais efetuassem a compra do software para uso interno.
A parte de conseguir partilhar estes quadros com outros utilizadores, também ajuda a este loop viral, já que os restantes conseguem ver o potencial através dos processos implementados por outros utilizadores reais para casos reais.
Foi desta forma 2 a 3 loops virais que a equipa do Miro aproveitou.
Através destes templates que os utilizadores foram criando,, a plataforma tem vindo a ser utilizada para as mais variadas implementações:
- Brainstorming
- Workshops Colaborativos
- Design e Pesquisa
- Mapas
- Workflows
- Estratégia
- Planeamento Interno
Como descreve Yulyia, o Miro “é um produto horizontal, que ajuda equipas multi-funcionais, desde gestores de produto, designers e engenheiros, gestores de marketing, entre outros”.
Chegar à Conclusão Final
A equipa do Miro utiliza dezenas de testes semanais para conseguir responder ao volume.
Desde o início, a equipa de Growth definiu que ia implementar uma mentalidade colaborativa e de testes rápidos, que permitisse chegar a conclusões de sucesso.
A Yulyia definiu também que, “mais vale um teste de qualidade do que propriamente a quantidade”.
Com esta visão, passaram do modelo gratuito de 30 dias com 1 painel ativo para o modelo de 3 painéis gratuitos.
Foi preciso alguma paciência, análise de dados, e perceção da persona para chegar a esta conclusão.
No entanto, os dados são agora bem claros.
Hoje em dia já contam com mais de 3,5 milhões de utilizadores e mais de 10.000 equipas a nível mundial.
Claramente, é caso para dizer, que, aplicando um mindset Growth Hacking num negócio, vai certamente fazer com que ele prospere.
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